Por João Maurício
José Mendes Serrazina nasceu a 2 de julho de 1924, no lugar da Moita do Gavião, na zona sul da freguesia da Benedita. Era filho de Ana Mendes Serrazina e de António Rodrigues Serrazina. Entrou no Seminário de Santarém em 1938. Completou o seu curso no Seminário dos Olivais, tendo sido ordenado sacerdote na Sé de Lisboa em 1950. Até 1955, foi professor do Seminário de Santarém. Aí, além da docência e de ter sido prefeito, dinamizou junto dos alunos, atividades teatrais.
De 1955 a 1968, desempenhou as funções de assistente eclesiástico da Acção Católica Rural no plano nacional e diocesano de Lisboa. Em 1966, fez parte da Comissão Preparatória da Restauração Pastoral do Patriarcado. Foi membro da Direção da primeira Assembleia do Clero do Patriarcado realizada em setembro/outubro desse mesmo ano. De 1968 a 1970. Esteve como vicereitor do Seminário dos Olivais, sendo seguidamente nomeado diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações do Patriarcado, cargo que exerceu até 1973.
Na área da Pastoral Familiar, foi assistente eclesiástico do Conselho Diocesano da Pastoral Familiar do Patriarcado desde 1967. Co-fundador do Movimento Familiar “Casais de Santa Maria”, tendo sido seu assistente interdiocesano desde a fundação em 1957, acompanhando várias equipas de casais deste Movimento, nas dioceses de Lisboa, Beja, Évora, Portalegre, Santarém e Leiria, colaborando no lançamento do Movimento noutras dioceses. Colaborou de modo disperso sobre temas familiares, sociais e outros, em várias revistas e jornais, como: Família Cristã, Voz Portucalense, Lumen, Diário de Notícias, Tarde, Mundo Rural, Boletim de Informação Pastoral (BIP), Revista Cáritas, Cáritas Nordrhein – Westfalen, etc …
Redator e editor do Boletim Diocesano de Pastoral (BDP) do Patriarcado, desde a sua fundação em janeiro de 1968 até 1973 e diretor da Revista Cáritas desde a fundação até 1982.
Responsável pela reciclagem do Clero do Patriarcado de Lisboa, nos anos de 1969 a 1976, como secretário-geral e como orientador de algumas disciplinas.
No Instituto Superior de Estudos Teológicos – ISET – regeu a cadeira de Sociologia e Pastoral da Família nos anos de 1965 a 1969. Docente na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa nas áreas de “Sociologia e Pastoral da Família” e de “Pastoral Social”. Concluiu a licenciatura em Teologia na Universidade Católica Portuguesa, em setembro de 1988, com a dissertação “Desenvolvimento Pastoral Social nas encíclicas “Populorum Progressio” e “Solicitudo Rei Socialis”.
Nomeado Cónego da Catedral de Lisboa, por decreto do Cardeal D. António Ribeiro, em 27 de julho de 1989.
O Padre José Mendes Serrazina tornou-se no grande impulsionador da criação do ensino secundário na freguesia da Benedita, tendo conseguido convencer o ministro de Salazar, Inocêncio Galvão Teles a fazê-lo. Inocêncio desconfiou da tentativa em criar uma cooperativa de ensino. Disse-lhe o governante: – “Se o Padre Serrazina conseguir parecer favorável da Junta Nacional da Educação, eu direi sim”. O Padre Serrazina teve um trabalho longo “de bastidores” para convencer a Junta.
Chegou a bom porto e o sonho passou a realidade.
Casa do Oeste – “A Fundação João XXIII – Casa do Oeste, em Ribamar, Lourinhã, foi sonhada pelo Padre Serrazina, quando era assistente da Acção Católica, com o objetivo de terem um local para as reuniões”. Palavras do Padre Joaquim Batalha.
O Padre Serrazina, em 1966, integrou a comissão preparatória da reestruturação pastoral do Patriarcado de Lisboa. Essa comissão esteve na base da criação da região pastoral de Santarém (do patriarcado de Lisboa), tendo sido nomeado encarregado da mesma D. António Campos, a 16 de julho de 1966. A Diocese de Santarém acabaria por ser criada em 1975.
No Natal de 1967, um grupo de padres (mais de uma centena), da Diocese de Lisboa, entre os quais se encontrava o Padre José Mendes Serrazina, enviou uma carta ao Núncio Apostólico. Nos meios eclesiásticos falava-.se na resignação do Cardeal Cerejeira e os subscritores pediam que o mesmo fosse substituído pelo Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Manuel Falcão.
O Cardeal Cerejeira acabou por resignar em 1971, sendo substituído por D. António Ribeiro. D. Manuel Falcão veio a ser, depois, Bispo de Beja.
Foi pároco dos Anjos (Lisboa). Figura muito próxima dos Cardeais: Cerejeira, Ribeiro e Policarpo. Serrazina era uma pessoa conciliadora, pacífica e serena. Teve uma vida cheia.
Grande defensor das alterações introduzidas pelo Concílio Vaticano II, era um homem que aceitava as ideias de todos, lançando pontes em direção aos mais conservadores.
Colaborador assíduo do extinto jornal “Pórtico” da Benedita. Era um sacerdote muito interventivo. Foi ele, por exemplo, quem pressionou o seminarista João Marcos a frequentar a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa Este sacerdote, conhecido como o padre-pintor, é atualmente Bispo Emérito de Beja e tem obras de pintura em várias igrejas, nomeadamente na de Rio Maior e da Benedita.
Muito haveria para dizer desta grande figura da igreja portuguesa. A nossa ideia foi, apenas, recordá-lo agora, que se aproxima o centenário do seu nascimento.
O padre Serrazina nasceu na fronteira dos concelhos de Alcobaça e Rio Maior e aparecia por cá com alguma frequência.
