Por João Maurício
(conclusão)
O livro do Dr. Castro tem muito interesse, nomeadamente como fonte histórica que nos leva a conhecer melhor as pessoas, factos e datas que marcaram a vida coletiva riomaiorense.
Devemos realçar que Rio Maior sempre foi terra de imprensa escrita. Os jornais online são uma extensão dessa antiga realidade. Estão dispersos, por esses periódicos, detalhes históricos sobre o passado deste concelho.
“Crónicas com cultura” recolhe e, consequentemente, torna mais fácil a consulta desses mesmos periódicos.
O livro em causa retrata, em parte, o percurso que o concelho seguiu até chegar à atualidade. Está por escrever a História de Rio Maior e do seu concelho durante o chamado Estado Novo. João de Castro deixa-nos algumas pistas como seja a proliferação de tabernas na vila, que são o espelho da sociedade da época: simples, modesta e rural.
Porta aberta para o Oeste e para o Ribatejo, Rio Maior, como toda a nossa região, tinha uma ruralidade bem vincada que se foi diluindo lentamente com o deslizar do tempo.
Após a leitura dos textos do Dr. João de Castro, ficamos com uma mescla do imaginário e ruralidade que se fundem numa simbiose perfeita.
Naqueles tempos (décadas de trinta, quarenta e cinquenta) havia um slogan que corria o país inteiro, e que era o espelho das realidades sociais da época: «beber vinho e dar pão a um milhão de portugueses».
Era a visão autossuficiente agrícola e salazarista.
Concluindo, diremos que a obra é muito mais do que um conjunto de textos. É uma chamada de atenção para a necessidade de estudar a História do Concelho de Rio Maior em profundidade.
O seu aparecimento foi a melhor forma do autor comemorar as suas oito décadas de vida!
As pessoas passam, os livros ficam! A propósito, relembro as palavras de Sophia de Mello Breyner Andresen “O poema me levará no tempo / Quando eu já não for eu / e passarei sozinha / entre as mãos de quem lê”.
Em certa medida todos os livros sobre História são poemas do passado que se projetam no futuro.
Parabéns por isso, Dr. Castro!