“O Latitudes é um evento que tem vindo a crescer, e a fortalecer cada vez mais laços de identidade e território”, referiu Margarida Reis, Vereadora da Cultura
Arrancou ontem, em Óbidos, com uma “Viagem na Minha Terra” por algumas freguesias do concelho, a edição 2024 do Festival Latitudes – Literatura e Viajantes, um dos mais importantes pilares da estratégia literária e cultural Óbidos Vila Literária, chancelada em 2015 pela UNESCO.
Organizado pela Câmara Municipal de Óbidos, em parceria com a Ler Devagar como parte integrante de um projeto cultural estratégico, o Latitudes dedica-se à literatura de viagens, e procura, acima de tudo, transmitir as sensações, experiências e reflexões de um viajante durante o seu percurso.
Este “é um evento que tem vindo a crescer, de ano para ano, fortalecendo cada vez mais laços de identidade e território, numa estratégia de promoção e divulgação dos locais, do seu património material e imaterial”, referiu ontem Margarida Reis, vereadora com o pelouro da Cultura na autarquia obidense, durante a abertura oficial do festival.
O crescimento do Latitudes insere-se claramente num projeto de maior dimensão que este executivo tem em mente para a Óbidos Vila Literária.
Desenhado “no seguimento de um projeto do município, mais global, de continuidade ao longo do ano, numa série de encontros de escritores e de artistas”, este festival consolida-se hoje “numa programação literária contínua, de envolvência com a comunidade local e visitantes”.
Este ano, o Festival Latitudes encontra em José Luís Peixoto “não apenas um curador, mas um guia especializado e com uma visão única das vastas ‘paisagens’ da literatura e da viagem, que se pretendem dar a conhecer”, apontou Margarida Reis.
Sob a orientação de José Luís Peixoto, acrescentou a edil, o Latitudes torna-se “não apenas um evento literário de destaque, mas também um reforço da estratégia literária e cultural de Óbidos, Vila Literária da UNESCO, onde as histórias ganham vida nas ruas repletas de viajantes e os livros são celebrados como ‘mapas’ culturais para a fruição da palavra escrita e falada”.
A importância da Literatura, das viagens, dos viajantes
Na ocasião, José Luís Peixoto, referiu-se a este evento como “um momento que devemos aproveitar para chamar à atenção para o sentido que faz e para o correto que é aqui, no concelho de Óbidos, sublinhar a importância destas áreas que são a Literatura, as viagens e os viajantes”.
No caso da Literatura, esta, “muitas vezes, e numa abordagem superficial, parece que vem sendo ultrapassada por outras dimensões – mais ruidosas, mais garridas, que chamam mais à atenção em certos palcos. Mas, na verdade, a Literatura é algo que partilha com Óbidos o facto de se tratar de uma área de enorme tradição, de enorme História, de séculos. E essa importância da Literatura, que tem a intenção de ultrapassar o tempo, tem tudo a ver com Óbidos, que é um lugar com uma História que nos antecede mas da qual ainda estamos a ser fruto”, afirmou o escritor.
Por outro lado, também “as viagens e os viajantes têm tudo a ver com Óbidos”. “Hoje, Óbidos é um lugar cosmopolita, [que recebe] gente dos mais diversos lugares para o visitar, e que, de certa forma, também leva um pouco de Óbidos” consigo.
“Espero que este festival Latitudes seja uma face deste objeto com tantas faces que é Óbidos, e que contribua para a sua riqueza, para a sua consciência identitária, e para nos enriquecer a todos nós, porque todos nós somos Óbidos”.
“Sinto que uma das razões que fazem com que tanta gente de tantos lugares venha a Óbidos é a sua essência. É o quanto Óbidos é uma condensação de Portugalidade, o quanto Óbidos é uma condensação de algo que é muito genuíno. E, nessa medida, espero que este festival possa contribuir também para que Óbidos se reavalie no seu presente, tendo em consideração aquele que é o seu longo passado, e que essa também seja uma forma de construir um futuro sólido e duradouro”.
“Viagem na Minha Terra” vai continuar a percorrer pessoas e lugares do território
O programa Latitudes abriu esta quinta-feira, 11, com uma “Viagem na Minha Terra” pela freguesia da Amoreira, onde foi dado a conhecer o Moinho do Hipólito e as obras da pintora Minela Reis.
Da Amoreira seguiu-se viagem rumo à freguesia de A-dos-Negros, com paragem na Adega do Sr. Vítor Mata e degustação de um abafadinho.
A primeira “Viagem na Minha Terra” do programa deste ano terminou na freguesia de Gaeiras, com uma visita à secular Casa das Gaeiras e participação em experiência enogastronómica.
No Latitudes, “juntar a literatura e as viagens sem percorrermos o nosso território e sem mostrarmos aquilo que é a nossa identidade, seria termos um festival menos preenchido”, afirmou, na sessão de abertura do festival, José Pereira, vice-presidente da Câmara Municipal de Óbidos. “Aproveitem este festival”, desafiou.
A iniciativa “Viagem na Minha Terra” vai continuar a percorrer outros lugares do concelho, no sábado, 13, e no domingo, 14.
Para além de lançamentos de livros, conferências, exposições, oficinas, a programação deste ano do Latitudes conta ainda com espetáculos de música, dança, teatro, que celebram de diferentes formas a relação da arte performativa com a língua, a literatura e as viagens.
A edição 2024 do Latitudes arrancou ontem, dia 11, e termina este domingo.