“Numa tendência crescente e de muita qualidade, o festival Latitudes – Literatura e Viajantes está a suscitar cada vez mais interesse pelas temáticas abordadas, contribuindo sobremaneira para a divulgação, interpretação e permanência dos visitantes no concelho”, realçou Margarida Reis, vereadora com o pelouro da Cultura na Câmara Municipal de Óbidos.
Para além do lançamento de livros, conferências, exposições, oficinas, a programação deste ano do Latitudes foi mais ampla, tendo contado com espetáculos de música, dança e teatro. Um programa recheado, que celebrou, de diferentes formas, a relação da arte performativa com a língua, a literatura e as viagens.
Ao todo, o programa integrou três grandes exposições [“Retratos Contados de Alice Vieira – 45 anos de obra literária”, patente até 19 de maio; “Outros Mundos e Kalasha”, de Ana Abrão, patente até 12 de maio, e “(A) Riscar em Castelo de Vide – Pormenores”, de Luís Pedro Cruz – Urban Sketchers Portugal]; seis oficinas (encadernação de diários, de escrita criativa, construção e viagem, reflexões desenhadas sobre viagens); 22 mesas de conversa/apresentação de livros de autores; três concertos; um Festival Termómetro 2024; uma caminhada interpretativa – inauguração de um percurso pedestre; um espetáculo para bebés; dois bosques literários; Viagens pelo Imaginário, com a carrinha do desassossego, e várias animações de rua – Funny Days.
Destaque também para o projeto “Entre Nós”, nascido neste festival, e criado para apoiar talentos emergentes. Através de uma variedade de eventos, desde exposições até performances emocionantes em espaços públicos, o objetivo é celebrar a diversidade criativa.
500 anos de Camões e 50 anos de abril
Por meio de conversas com diferentes autores e da apresentação e lançamento de livros, a programação do Latitudes contou com vários momentos comemorativos do quinto centenário do nascimento de Camões e dos 50 anos de abril.
A música também não faltou. Em parceria com o INATEL, o Latitudes trouxe a Óbidos um concerto de António Marcos e animou as ruas da vila com a Banda às Riscas.
Destaque para o “Festival Termómetro”, um dos mais emblemáticos festivais de bandas emergentes do País, dirigido pelo apresentador de rádio e televisão Fernando Alvim, com quem o público teve a oportunidade de conversar, na Livraria do Mercado.
Um jantar literário
De entre as inúmeras propostas da edição 2024 do festival, nota especial para o terceiro jantar literário, inspirado na vida e obra do poeta de Óbidos Armando Silva Carvalho, e durante o qual Margarida Reis, vereadora da Cultura, revelou que o Prémio Literário vai ser retomado.
“A iniciativa, que se destina a premiar uma obra de poesia, escrita em língua portuguesa, e cuja primeira edição decorreu em 2020, não continuou na altura devido à pandemia, mas a ideia é lançar o prémio para depois premiar no Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos”, referiu.
À (re) descoberta do património com a “Viagem pela Minha Terra”
Este ano, a organização renovou um conjunto de atividades direcionadas para o público escolar, e trouxe também de volta a proposta “Viagem pela Minha Terra”, uma iniciativa estruturada em parceria com as juntas de freguesia do concelho de Óbidos.
A primeira viagem aconteceu no dia 11 de abril, e começou na freguesia da Amoreira, onde foi dado a conhecer o Moinho do Hipólito e as obras da pintora Minela Reis.
Da Amoreira seguiu-se viagem rumo à freguesia de A-dos-Negros, com paragem na Adega do Sr. Vítor Mata e degustação de um abafadinho, acompanhada de uma breve explicação por parte de Heitor Conceição, presidente da junta de freguesia local.
Esta primeira “Viagem na Minha Terra” terminou na freguesia de Gaeiras, com uma visita à secular Casa das Gaeiras e participação numa experiência enogastronómica.
Sábado, 13 de abril, nova visita para redescobrir o património local. A primeira paragem foi na freguesia da A-da-Gorda, com início no centro histórico, mais conhecido como Largo de Santo António. Em terra de inúmeras tradições, sobretudo ligadas à festa de Santo António, foi possível conhecer o tradicional “jogo da bola” e a casa onde são feitos os pães-de-ló. Daqui, os “viajantes” partiram para a Amoreira. Foi visitada a Capela da Sagrada Família, um templo dedicado a Jesus, Santa Maria e São José, construído no reinado de D. José I, em 1753.
Capeleira foi o último local visitado neste dia, e onde o grupo tirou uma fotografia com todos os participantes nesta viagem.
A terceira e última “Viagem pela Minha Terra” do programa do festival, edição 2024, aconteceu no domingo, 14 de abril. Começou na Usseira, com uma visita à casa de Maria Izabel Ferreira, onde foi possível provar as suas compotas, e conhecer algumas peças de artesanato (pintura em telha).
Da Usseira os viajantes seguiram para o Vau, onde foram recebidos com música, a fazer lembrar os momentos lúdicos e de convívio entre pescadores e mariscadores. Aqui, foi feita uma demonstração da apanha de bivalves, e apreciados alguns dos utensílios utilizados.
Na ocasião, Frederico Lopes, presidente da junta do Vau, salientou a importância desta iniciativa, que leva os eventos até às freguesias e que as envolve, na sua programação.
Olho Marinho foi a última paragem desta “Viagem na Minha Terra”. Aqui os viajantes assistiram a uma recreação das lavadeiras, recuando aos tempos em que as mulheres cuidavam da roupa em rios e ribeiras.
Em 2025 há nova edição do festival Latitudes.