O Município da Marinha Grande quer que a cidade seja mais humanizada e descarbonizada, dando prioridade às pessoas e retirando os automóveis e camiões do centro, de acordo com a proposta do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS), que foi apresentada publicamente esta segunda-feira, 25 de março, no Centro Empresarial.
Trata-se da terceira e última fase da elaboração do documento, cujas linhas orientadoras foram explicadas por Paula Teles, coordenadora do Plano e especialista nacional em mobilidade sustentável e descarbonização. Assim que for redigido o documento final, com incorporação dos últimos contributos dos vários “stakeholders” contactados neste âmbito, o mesmo será submetido à aprovação da Câmara Municipal.
O presidente da Câmara, Aurélio Ferreira, congratula-se com as propostas do Plano, defendendo que representa “uma estratégia vital para enfrentar os atuais desafios e projetar, no presente, a cidade do futuro, das próximas décadas, com a intenção de a humanizar e descarbonizar, tornando-a mais sustentável, ambientalmente responsável, inclusiva e resiliente”.
Para o autarca, “é urgente começarmos a edificar uma cidade de encontros, de partilhas e afetos, retirando automóveis e camiões do centro da cidade e repensarmos a forma como nos movemos e interagirmos com o meio urbano, de modo a modificarmos os nossos hábitos diários e a incentivarmos as várias gerações, sobretudo as mais novas, a adotar os meios de transporte coletivos, andar a pé ou de bicicleta, contribuindo para a redução das emissões de carbono e criando espaços urbanos mais seguros e saudáveis”.
Aurélio Ferreira admite que “a concretização do Plano terá de ser gradual e assente em medidas que temos vindo a implementar e que consistem na construção de infraestruturas que promovam este tipo de mobilidade, como ciclovias, passeios, espaços verdes urbanos e áreas de lazer; bem como na implementação da Linha Rápida entre Marinha Grande e Leiria, entre muitas outras medidas, de execução a médio prazo, previstas na estratégia de mobilidade”.
A especialista Paula Teles esclareceu que “queremos um Plano de 4.ª geração, que dê prioridade à humanização da cidade, promovendo a criação de relações uns com os outros” e fazendo com que a “cidade seja a nossa casa”. Nesta, que considera ser a versão “draft” do documento, é defendida a ideia “da Marinha Grande ser uma cidade de 15 minutos em que nas curtas distâncias, as pessoas possam andar a pé”, tendo acessíveis os principais serviços e equipamentos de que necessitam, deslocando-se com segurança.
O PMUS tem como objetivos:
A promoção da mobilidade sustentável, garantindo a acessibilidade universal ao sistema de transportes e fomentando a utilização dos modos de deslocação ativos e suaves (pedonal, ciclável e os transportes públicos);
A redução do ruído, da poluição atmosférica e do consumo energético, potenciando a atratividade e qualidade do ambiente e do desenho urbanos e a eficácia económica e a relação custo-benefício do transporte de pessoas e bens;
A melhoria da segurança nas deslocações, tendendo ao objetivo de zero mortes na estrada;
A garantia de interoperabilidade entre os diferentes modos de transporte;
O reforço da informação urbana, incluindo não apenas sinalização de tráfego como também sobre transportes e de orientação genérica;
A garantia de articulação entre planeamento da mobilidade e do uso do solo.
As linhas estratégicas previstas são:
- Modo pedonal – devendo ser verificada a possibilidade de implementação de áreas de prioridade ao peão;
- Modo ciclável – através da elaboração do masterplan da rede ciclável;
- Transportes Públicos e infraestrutura associada – elaborar estratégias de articulação entre as diferentes redes de transporte coletivo;
- Circulação viária – inclui a elaboração do esquema de circulação com proposta de hierarquização viária, sentidos de circulação e sinalização, devendo ser apontadas as incongruências existentes, assim como proposto o fecho da rede ou a eventual definição de novas ligações e a sua articulação com o tecido urbano;
- Estacionamento – delinear uma política equilibrada de estacionamento que articule a necessidade e a oferta de estacionamento, tendo em consideração as necessidades dos diferentes utilizadores, o tipo de oferta, a adequação do regime tarifário, o sistema de fiscalização e as alternativas modais existentes;
- Macro e micrologística – pretende definir ações para a mitigação dos impactos negativos que o transporte de mercadorias introduz no território;
- Segurança Rodoviária – promover a segurança de todos aqueles que circulam na via pública. Esta fase compreende a entrega do relatório de Estratégia de Intervenção, quatro meses, após a aprovação da fase anterior.
Resultado de um trabalho de dois anos, este é o primeiro grande exercício de planeamento de mobilidade urbana na Marinha Grande e, juntamente com a revisão em curso do PDM e de outros instrumentos de planeamento já finalizados, o Município pretende que seja um marco na construção de uma cidade e de um concelho cada vez mais amigos do cidadão e alinhados com melhores políticas internacionais de bem-estar social e descarbonização do Planeta.