Por João Maurício
Mão amiga fez-nos chegar a obra “A Cultura da Oliveira no Maciço Jurássico de Aire e Candieiros”. Trata-se do relatório final de Licenciatura do Curso de Engenheiro Agrónomo (1944), realizado por Paulo Ribeiro de Almeida Guerra, no Instituto Superior de Agronomia.
O engenheiro Paulo Almeida, como era conhecido, era uma figura que eu conheci bem.
O estudo realizado entre janeiro de 1943 e fevereiro de 1944, abrange a região montanhosa de “Aire e Candieiros, uma das zonas agrícolas mais ingratas do nosso país”. O autor procurou “dar uma ideia geral da olivicultura serrana e focar alguns dos seus mais momentosos problemas”. (Mantivemos a ortografia da época “Candieiros” que hoje se escreve “Candeeiros”).
Paulo Almeida nasceu na Benedita e tinha ligações familiares a Rio Maior, já que era irmão da esposa do Dr. Calado da Maia.
Estudou a produção de azeite entre 1931 e 1941, no distrito de Leiria (concelhos da Batalha, Leiria, Porto de Mós e Alcobaça), e também no distrito de Santarém (concelhos de Rio Maior, Alcanena, Torres Novas e Vila Nova de Ourém).
O estudo incidiu numa vasta área que vai, por exemplo, da Mendiga a Fátima e de Minde às Alcobertas.
Os olivais na nossa região são muito antigos. Já existiam pelo menos, no século XII, embora a sua proliferação tenha acontecido só no século XVII.
O engenheiro Paulo trabalhou na FAO (Food and Organization of the United Nations), nomeadamente em países africanos e da América Latina. Realizou um trabalho notável no Sul de Angola. Foi professor no Instituto Universitário dos Açores.
Na página 48 do seu texto, o autor deixa-nos uma estatística da produção de azeite no concelho de Rio Maior.
ANO PRODUÇÃO EM HECTOLITROS
1931 – 5.424
1932 – 3.750
1933 – 5.542
1934 – 1.308
1935 – 4.696
1936 – 939
1937 – 8.595
1938 – 476
1939 – 7.134
1940 – 618
1941 – 10.186
Como se pode avaliar, são grandes as alterações de produção ao longo dos anos.
O tema dos olivais em Rio Maior levar-nos-ia muito longe. Terminamos com uma referência ao livro “O Património do Mosteiro de Alcobaça nos séculos XIV e XV”, de Iria Gonçalves. Num dos mapas da obra, aparece uma nota sobre os olivais junto à povoação de Rio Maior. Noutro mapa, é possível encontrar outras anotações a lagares de azeite na área geográfica do atual concelho de Rio Maior.
Nota final – Paulo Almeida faz alguns agradecimentos aos que o ajudaram na elaboração do seu trabalho, como o Engenheiro Agrónomo Professor Joaquim Vieira Natividade, um profundo conhecedor desta temática.