Por João Maurício
II Parte
Figuras importantes da história do ensino, em Rio Maior, estão hoje esquecidas. Falta bibliografia, livros, sobre a história do setor educativo riomaiorense. Esse é um trabalho longo, difícil, espinhoso e árduo que não pode ser feito por uma única pessoa.
O lado efémero (e geralmente superficial) das redes sociais é bem visível, quando, às vezes, são aí colocados dados sobre a história educativa local. Infelizmente, são quase sempre incompletos e, até, incorretos.
Em boa hora, a professora Júlia Figueiredo publicou um livrinho interessante, em 1984, chamado “Memorando para a História do Ensino em Rio Maior”. Nele, aparecem alguns dados curiosos sobre a ligação de Rio Maior, em termos de ensino, às Caldas da Rainha.
A extinção da Escola Comercial Municipal de Rio Maior teve como consequência a criação entre nós, de uma secção da Escola Industrial e Comercial de Caldas da Rainha, em 1970. E, assim, se manteve até 1975. Essa foi uma medida tomada por Veiga Simão. Essa foi uma realidade: em vez de se criarem escolas autónomas, criaram-se estabelecimentos de ensino dependentes de outros.
O Decreto- Lei nº 260 B, de 25 de Maio de 1975, instituiu dezenas de escolas secundárias por esse país fora. Em abono da verdade, diremos que a maioria esmagadora dessas escolas já existiam; deixaram de ser escolas industriais e comerciais e passaram a ser escolas secundárias.
O mesmo aconteceu com os antigos liceus. Essa medida tomada em pleno “gonçalvismo” foi polémica, alvo de críticas, já que, quase se acabou com o ensino “virado” mais para a componente prática. Esse rumo só foi retomado anos mais tarde, quando se criam as escolas profissionais.
Apetece perguntar a razão pela qual, ao ser extinta a Escola Municipal, não foi criada, aqui, em Rio Maior, uma secção da Escola Industrial e Comercial de Santarém e ter-se optado pala sua congénere caldense. Só para citar um exemplo: em 1965, o Liceu de Santarém criou uma secção em Tomar. Era raro uma escola criar uma secção num distrito diferente do seu, que foi o que aconteceu com Rio Maior.
A professora Júlia diz-nos que já em 1947, se deslocavam a Rio Maior, “dois professores de Caldas da Rainha que verificavam a aptidão dos alunos (riomaiorenses) e lhes concediam o respectivo diploma”. Quer isto dizer que vinham fazer serviço de exames. Essa realidade já acontecia em 1927. Neste ano, já se deslocavam professores a Rio Maior: o professor Abílio Moniz Barretto, a quem foi paga a deslocação. O professor Abílio foi substituído, em 1931, pelo professor Leonel Sotto Mayor, que fez esse serviço até 1942.
Sotto Mayor era um ilustre professor que foi diretor da Escola Industrial e Comercial de Caldas da Rainha.
Este é um tema interessantíssimo que será, por nós, desenvolvido, talvez um dia.