Por João Maurício
1.ª Parte
Chegou-me às mãos recentemente a obra “Eu Faço Parte desta História”. O livro editado em 2018 destinou-se a comemorar os cinquenta anos da inauguração do novo edifício da Escola Industrial e Comercial / Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, de Caldas da Rainha.
Quase sempre, quando uma instituição, seja ela qual for, comemora uma data importante, inaugura-se uma placa que nunca mais ninguém lê. Põem-se as gravatas, usam-se os vestidos mais coloridos. Faz-se um almoço comemorativo mais ou menos barulhento. Aparecem os rotineiros discursos- muitos – uns mais elaborados, outros cheios de lugares comuns. Depois, o tempo vai passando, sorrateiro, as memórias vão desaparecendo, assim como as pessoas. Fica uma névoa, o vazio. Mas uma boa cerimónia, que se preze, tem que ter discursos.
Em boa hora, a escola caldense foi por outro caminho, optou por um livro para que a memória não se perca. Deixou-nos um documento histórico que fica para a posteridade, cheio de recordações, factos importantes e repleto de figuras que marcaram a história do ensino, no século vinte, na região oeste. Mas, também, de gente anónima, nomeadamente funcionários que deram o seu melhor, em prol da comunidade educativa.
Hoje, os arquivos ditos clássicos, vão sendo diluídos pelos arquivos digitais, que pela sua estrutura são voláteis e efémeros. Por isso, a história concelhia, em especial dos municípios mais pequenos, vai desaparecendo. Há. felizmente, algumas exceções que deveriam ser seguidas. Num concelho, não muito longe do nosso, tem sido feita uma aposta forte na área da Cultura, quer pela Autarquia, quer pela Sociedade Civil. Aí, foram editados nos últimos anos, a história da Misericórdia, do Comércio, da Cooperativa Agrícola, dos Bombeiros Voluntários e muitas outras instituições locais.
Aquela terra, o seu Concelho tem deste modo, garantido que a história do município está a ser construída.
Tudo isto, tem a ver com o facto da Escola Industrial e Comercial Rafael Bordalo Pinheiro tem tido uma ligação educativa com Rio Maior.
Infelizmente, o livro não fala dessa realidade, embora esse facto não lhe retira o mérito.
As origens desta escola são antiquíssimas, já que iniciou as suas atividades educativas, em 1885. Esse percurso daria para escrever vários livros. O que a já referida publicação analisa é o período entre 1964 a 2014. Nesse distante ano de 1964, foi inaugurado o novo (e atual) edifício, obra a cargo do Estado Novo. Recordamos o presidente da Câmara Municipal da altura, João Botelho Moniz, que se bateu por essa construção. A obra foi inserida no chamado II Plano de Fomento que se iniciou em 1959. Uma longa história.
A coordenação desta interessante realização livreira ficou a dever-se a uma equipa de sete pessoas, nomeadamente o Professor Manuel Nunes, figura que esteve ligada a Rio Maior durante um largo período da sua vida. O livro tem por base um conjunto de depoimentos de antigos e atuais professores, alunos e funcionários daquele estabelecimento de ensino.
O texto de fundo é de Isabel Xavier que foi professora de História da Escola Secundária de Rio Maior. Uma prosa excelente e de grande rigor histórico.
Refiro também o depoimento da professora Maria do Céu Pinto Mendonça, antiga professora da Escola Secundária de Rio Maior, entre 1975 e 1982, e de José Carlos Mateus Abegão que também cá lecionou.
(Continua)