A exposição de pintura, instalação e desenho, ‘Meditando ao luar com Braamcamp Freire’, da autoria do artista escalabitano José Quaresma, foi inaugurada na passada sexta-feira, 17 de maio, no local que acolhe a Biblioteca Municipal de Santarém e a Casa-Museu Anselmo Braamcamp Freire, no centro histórico de Santarém.
Natural da cidade, foi neste mesmo espaço que o artista deu alguns dos primeiros passos da sua formação artística, quando seguia atentamente os ensinamentos de António Martinho, artista e professor, que contribuiu decisivamente para a formação artística de José Quaresma, como o próprio confessou.
A mostra combina quadros e desenhos distribuídos pelo espaço da Casa-Museu, colocadas entre antigos livros e estantes. Apresentada ao pormenor pelo artista, que convidou a assistência a acompanhá-lo numa visita guiada, onde foi explicando com minucia, os muitos pormenores que estiveram na base da sua inspiração criativa, e revelou ainda como foi o processo de conceção das obras agora expostas em Santarém.
Segundo José Quaresma, “a interligação da minha pintura com diferentes espaços museológicos, instalando-a em Lisboa, Évora, Porto, agora nesta bela Casa de Braamcamp Freire, em Santarém, daqui a três meses em Arraiolos, futuramente noutros Museus e Casas-Museus, tem a sua ancoragem numa experimentação levada a cabo há muito tempo, nos ‘verdes anos’ de jovem artista e estudante”, recorda.
Atualmente, continua o artista, “como se tem verificado pelas diversas exposições e catálogos que disponibilizo, as propostas visam sempre a apropriação criativa de obras de arte, temas, objetos, ou espaços, contribuindo para uma modificação localizada e subtil de alguns “recantos” que caracterizam estes lugares expositivos.
Esta nova fase de criação artística, começou, acrescenta ainda, “há cinco anos, em 2019”, quando “iniciei uma nova fase da minha atividade criativa, dando, porém, continuidade a uma prática artística que havia iniciado em 1978”. Relembra ainda o artista, que “numa primeira fase, entre 1978 e 1981, com a necessidade de imergir ‘virtualmente’ nos museus: o meu querido Mestre Américo Marinho, ele com 70 e eu com 14 anos, emprestava-me estampas de artistas portugueses e internacionais para eu observar, estudar e interpretar, desenhando e pintando copiosamente a partir daquelas imagens impressas, curiosamente também com a indicação para ver as gravuras de Rembrandt que a Biblioteca de Anselmo Braamcamp Freire possui”.
Para José Quaresma, “estas imagens eram contextualizadas pelo próprio Américo Marinho, fazendo ele alusão aos Museus em que as obras se encontravam e quais tinha visto ao vivo”, enquanto, posteriormente, “numa segunda fase, entre 1981 e 1995, imergi realmente nos museus de que Marinho me falava, mas também em muitos outros de arte contemporânea. Em fases posteriores, já com muitas conquistas plásticas assimiladas, portanto, já disponível para refletir e me distanciar das referências museológicas dos primeiros anos, decidi desenvolver um trabalho inteiramente diferente, incluindo incursões na instalação artística com mediação de várias tecnologias e linguagens”, lembra ainda.
A exposição pode ser visitada até ao próximo dia 14 de junho, de segunda a sexta-feira, entre as 09h30 e as 18h00, no primeiro piso da Casa-Museu Anselmo Braamcamp Freire/Biblioteca Municipal de Santarém.
