Arrancou esta segunda-feira, 16 de setembro, em Alcobaça, o 51.º Congresso da Academia Internacional de Cerâmica (AIC), numa cerimónia que reuniu mais de 300 especialistas internacionais. Pela primeira vez realizado em Portugal, o evento é organizado em conjunto pelos municípios de Alcobaça e Caldas da Rainha, em colaboração com a Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica (AptCVC), refletindo a profunda tradição cerâmica destas regiões.
Na sessão de abertura, Hermínio Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Alcobaça, expressou o seu orgulho pela escolha das duas cidades como sede do evento, salientando que “a vinda deste congresso para o Oeste é da mais elementar justiça, dada a profunda tradição da cerâmica que grassa nestas terras de Cister, desde os monges barristas até às atuais indústrias de renome internacional, que continuam a levar o nome de Alcobaça pelo mundo fora”. De acordo com o autarca, os congressistas “poderão testemunhar em primeira mão a grandeza do setor em Alcobaça, que detém mais de 50 empresas, com faturação na ordem dos 150 milhões de euros, 80% dos quais resultantes de exportação.”
Também Vítor Marques, presidente da Câmara de Caldas da Rainha, destacou a importância da realização do congresso no Oeste, que coloca o país no epicentro do mundo cerâmico, destacando o valor de Caldas da Rainha enquanto Cidade Criativa da UNESCO do Artesanato e Arte Popular. O autarca destacou o território como “o cenário ideal para acolher este grande fórum de discussão que reflete e imagina a cerâmica nas suas mais variadas formas. Será seguramente o início de um diálogo e de excelentes oportunidades para todos nós”.
Por sua vez, Miguel Capão Filipe e Conceição Henriques, da Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica, agradeceram a presença de todos os participantes e sublinharam a importância do evento para Portugal, especialmente num momento em que as cidades de Alcobaça e Caldas da Rainha são transformadas nas capitais mundiais da cerâmica. Afirmaram ainda que este congresso, além de celebrar a tradição cerâmica portuguesa, abre portas para novas oportunidades e colaborações internacionais.
Também Torbjørn Kvasbø, presidente da AIC, enalteceu a importância deste congresso, descrevendo-o como um ponto de encontro internacional de alto nível que promove a excelência nas artes cerâmicas e reforça o diálogo entre tradição e inovação.
Subordinado ao tema “Cerâmica no Mundo Mediterrâneo: da Antiguidade à Contemporaneidade”, o congresso contou com a intervenção de Alexandre Nobre Pais, presidente da Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E., que proferiu a palestra inaugural sobre a relação entre o património cerâmico e a cultura mediterrânica, dando o mote para os debates que se seguirão ao longo do congresso.
A manhã foi ainda preenchida com uma homenagem ao ceramista Manuel Cargaleiro e a assinatura da doação das “Coleções Maria do Céu e Luís Pereira de Sampaio” à Câmara Municipal de Alcobaça. Após a cerimónia, os congressistas seguiram para o Armazém das Artes, onde foi inaugurada a exposição “Cerâmica Mediterrânica e a sua Influência Global”, com obras de 45 membros da AIC, representando 26 países, que estará patente até Outubro.
Os participantes desfrutaram ainda de um almoço no mercado municipal de Alcobaça, seguindo-se visitas às fábricas locais de cerâmica Arfai, S. Bernardo PPA e Jomazé. O dia culminou com um jantar de abertura e a celebração da noite IAC/UNESCO, na emblemática biblioteca do Montebelo Mosteiro de Alcobaça Historic Hotel.

Congresso prossegue até sexta-feira com painéis e visitais culturais
O congresso prossegue até esta quarta-feira, 18 de setembro, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, com uma agenda repleta de painéis de debate, apresentações, visitas culturais a espaços museológicas e fábricas e ainda a inauguração da exposição “Cerâmica Contemporânea Portuguesa”, com peças dos ceramistas nacionais e membros do IAC – Ana Rocha da Cruz, Carlos Enxuto, Heitor Figueiredo, João Carqueijeiro, Sofia Beça, Stela Ivanova, Xana Monteiro e Yola Vale.
Entre os temas abordados, estão as influências históricas da cerâmica bizantina e islâmica, o papel das mulheres ceramistas no Mediterrâneo, e as inovações tecnológicas e sustentáveis no setor. Celebrando tanto o passado glorioso como o futuro da cerâmica, o evento também abordará questões emergentes como o design sustentável e a conservação ambiental, promovendo o diálogo entre arte, história e inovação no Mediterrâneo.
No dia 19 de setembro, os congressistas rumam à capital, com passagens pelo Museu Nacional do Azulejo e o Museu Gulbenkian e regresso por Mafra para visitar o Centro de Interpretação da Olaria daquela cidade.
Na sexta-feira, último dia do congresso, o dia é dedicado a visitas culturais a espaços emblemáticos de ambas as cidades e convida a desfrutar de toda a riqueza patrimonial do território. O evento internacional termina com um jantar de encerramento, inspirado nas tradições da região e de Portugal com sabores típicos, animação popular e a conhecida arte de bem-receber, característica incontornável dos portugueses.
Programação cultural aberta ao público
As exposições e as intervenções culturais integrarão o quotidiano das cidades de Alcobaça e Caldas da Rainha, com iniciativas públicas e interações urbanas que fundem tradição e contemporaneidade na arte da cerâmica.
As exposições, de entrada livre e abertas ao público evidenciam o poder inspirador da cerâmica no Mediterrâneo, as memórias históricas e as inovações artísticas contemporâneas.
Além disso, os visitantes podem conhecer o processo criativo dos ceramistas e participar em iniciativas de rua que integram a arte no quotidiano das cidades.
