A Horta Pedagógica da Escola Básica e Secundária de Cadaval, iniciada no ano letivo de 2023-2024, terminou a sua fase de implementação com um saldo muito positivo. Trata-se de um projeto coletivo, que envolve alunos, docentes e assistentes operacionais do Agrupamento de Escolas do Cadaval (AEC) e o Eco-Escolas, em articulação com o Município do Cadaval, no qual colaboram agricultores tradicionais (como o Sr. João Vieira) e entidades como a Quercus e o Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Montejunto (CRASM). O enquadramento é dado pelo Plano Municipal de Ações de Educação Ambiental e o Projeto Educativo da Escola, elencando com os conteúdos programáticos e com a disciplina de Cidadania.
Ao longo deste ano desenvolveram-se atividades de âmbito teórico e formativo (ações de sensibilização destinadas a docentes e a alunos), mas igualmente de caráter prático (semeadura e plantação de espécies arbustivas e agrícolas tradicionais e autóctones, em modo de produção agroecológico e biológico, colocação de hotéis para polinizadores), participadas pela comunidade escolar e por visitantes ao abrigo do programa europeu Erasmus+ (docentes e alunos alemães). A finalidade é estabelecer sinergias e parcerias para a promoção da biodiversidade, a conservação de espécies (em particular as autóctones), a comunicação intergeracional e a partilha de saberes e práticas ancestrais, bem como impulsionar formas de cidadania responsável e maior consciência ecológica.
Neste sentido, solicitou-se à coordenadora do Eco-Escolas e à responsável pela Horta Pedagógica, Prof. Manuela Santos e Prof. Teresa Leal, respetivamente, uma breve reflexão acerca deste período inaugural do projeto:
1 – Que balanço faz do primeiro ano da Horta Pedagógica escolar?
Na nossa opinião, o resultado foi excelente a todos os níveis. Houve confiança e incentivo por parte da direção, grande disponibilidade e interesse por parte dos alunos e, paralelamente, a Câmara Municipal do Cadaval (CMC) esteve sempre presente ao nível das infraestruturas e também da prestação de apoio com pessoal especializado, particularmente, através da Dra. Ana Mendonça, da Engenheira Paula Almeida e do Vereador Dinis Duarte. A comunidade também esteve envolvida na pessoa do Sr. João Vieira, carinhosamente apelidado de “Guardião de Sementes”. O Sr. João veio à horta semear trigo de três variedades (Almançor, Barbela e Raspinegro) e explicar um pouco da sua história e processo de cultivo.
Também houve interação com alunos vindos da Alemanha no âmbito do Projeto Erasmus+ e a cooperação da Dra. Alexandra Azevedo, Presidente da Quercus, que presenteou a horta com algumas variedades arbustivas da flora autóctone e prestou formação creditada pelo CFAE Centro-Oeste, em conjunto com a Dra. Ana Mendonça. A horta faz parte integrante do Programa Eco-Escolas e foi desenvolvida no âmbito das “Hortas Bio nas Eco-Escolas”, um dos desafios proposto pelo programa e sustentado pelo Projeto Educativo desta escola.
2 – Do seu ponto de vista, que importância tem este tipo de iniciativas e a que níveis?
A existência de um espaço verde onde os alunos possam mexer, trabalhar a terra e aprender a produzir alimentos implementando padrões de produção sustentáveis assentes no respeito pela saúde e ambientalmente livres de produtos químicos é fundamental para o seu bem-estar físico, psicológico e emocional. A estes aspetos acrescenta-se a necessidade de proteger e promover a biodiversidade de forma consciente, a preservação do solo e o combate às alterações climáticas. A horta veio acrescentar uma mais valia à nossa escola, promovendo a inclusão e o bem-estar e procurando implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), no objetivo, 4- Educação de Qualidade; 12- Produção e Consumo Sustentáveis e 15 – Proteger a Vida Terrestre.
3 – Considera que os benefícios se restringem ao âmbito da comunidade escolar ou são mais abrangentes? Porquê?
Somos da opinião que os benefícios são mais abrangentes, pois apesar de abarcarem, numa primeira instância e de forma direta a comunidade escolar, ultrapassam as fronteiras da escola ao relacionar-se com a(s) comunidade(s) e estruturas locais que a modelam e edificam. A prova disso foi a interação com a Quercus, a CMC, o Sr. João Vieira e o envolvimento de pais e encarregados de educação. A horta não são só 100m2 de terra de matérias orgânica, é tudo o que nela vive e as ligações humanas que proporciona.
4 – Como gostaria que evoluísse o projeto a curto e a médio prazo?
Julgamos que os passos dados foram auspiciosos e cumpriram plenamente as metas traçadas. Como a grande riqueza de qualquer projeto escolar são as pessoas que nele se envolvem, só podemos desejar que o projeto continue a evoluir no sentido de envolver ainda mais a comunidade escolar e não escolar, e continue a possibilitar a aquisição de conhecimentos e partilha de saberes tão essenciais ao desenvolvimento integral dos nossos alunos. Nesta sequência, consideramos que seria positivo proporcionar uma maior ênfase à promoção do projeto Horta Escolar nos meios de comunicação locais, sejam eles os jornais, a rádio ou redes sociais. A divulgação trará reconhecimento, validação e partilha de boas práticas, pois quem se informa, forma-se.