
Por João Maurício
I
O tema que aqui trago hoje é, em termos históricos, delicado, porque mal estudado. Geralmente, quando se estuda a presença das ordens religiosas em Rio Maior, fala-se da ordem de Avis. O património cisterciense na zona de Rio Maior era muito rico, mas geralmente esquecido pelos estudiosos.
O professor universitário e historiador Pedro Gomes Barbosa, publicou em 1992, a excelente obra “Povoamento e Estrutura Agrícola na Estremadura Central”. Uma enorme reflexão sobre a importância da ordem de Cister na região oeste, nomeadamente em Óbidos, Torres Vedras, mas também, Leiria e Porto de Mós. Na nossa região, a Ordem de Cister tinha propriedades em Salir do Porto, Tornada, Almofala, Alvorninha, Vidais, Mosteiros, Landal, Alguber, Cercal, Vilar, Vila Verde dos Francos, Bombarral, Dagorda, Cadaval, Peral, Óbidos, Vermelha, S. Mamede, Vau e, claro, Rio Maior.
Em 1262, por exemplo, o património dos frades de Alcobaça em terras riomaiorenses era o seguinte: 12 herdades / 40 courelas de herdades / 9 talhos de herdades / 9 vinhas / 3 casais / 2 conchousos / 1 almouinhas / 3 arneiros / 1 marinha / 2 moinhos / 14 casas / 1 forno. Almuinhas era uma horta murada e esse tipo de propriedade já existia no tempo dos árabes. Conchouso, utilizando uma linguagem simples, era um quintal. O termo já vem dos tempos dos romanos.
As minas de ferro de Rio Maior chegaram a ser propriedade do Mosteiro de Alcobaça. Os cistercienses tinham aqui uma ferraria na zona do Matão. Este tema foi tratado pela historiadora Virgínia Rau. A verdade é que o assunto está pouco aprofundado. O professor Manuel Heleno teve um papel importante no estudo da arqueologia riomaiorense. Pensamos que foi quem levou Virgínia Rau a interessar-se pela temática das minas de ferro de Rio Maior.
Existe um postal escrito pela historiadora, enviado de São Martinho do Porto (1 de setembro de 1942), comunicando com o professor Manuel Heleno, que nessa data se encontrava em Rio Maior, trabalhando nas escavações. Aí, Virgínia Rau pede a Manuel Heleno para se encontrarem e permissão para visitar essas escavações.
Nota – dada a importância do tema, logo que possível, voltaremos a ele. Já anteriormente, publicámos um texto com o mesmo título, mas entretanto, descobrimos novos dados sobre este interessante assunto.
(continua)
