Por João Maurício
A Feira das Cebolas de Rio Maior tinha, noutros tempos, uma forte matriz tradicional, onde quase tudo ligado ao setor agrícola se vendia e se comprava.
Joaquim Vieira Natividade (1899-1968) foi um engenheiro agrónomo e silvicultor famoso. Foi um dos grandes impulsionadores do incremento da pomicultura nas regiões oeste e ribatejana. Numa das suas obras diz que era na Feira de Rio Maior que os agricultores compravam as sementes de centeio. Mas o que aqui nos trouxe foi a temática da tanoaria tão ligada, antigamente, à Feira das Cebolas.
A tanoaria é uma arte muito antiga. O que aparecia em Rio Maior eram, essencialmente barris e pipas para armazenar vinho. Eram feitas de carvalho castanho e, até, eucalipto.
O historiador Martinho Vicente Rodrigues, num dos seus estudos, diz-nos que já no século XVII, a profissão de tanoeiro existia no termo de Santarém ao qual Rio Maior pertencia.
O livro “Pequena Monografia das Pedreiras”, publicado em 2007, pelo jornalista Armindo Vieira, refere que “A tanoaria é a actividade de construir vasilhas em madeira. Na freguesia das Pedreiras existiram vários tanoeiros. Dedicavam-se, a partir do mês de Maio ou Junho, a construir vasilhas, para armazenar o vinho, tinas e dornas, para o transporte de uvas, e balseiros – grandes dornas – onde as uvas fermentavam antes de irem para os lagares.
Os tanoeiros das Pedreiras vendiam as suas vasilhas nas feiras de Rio Maior e Caldas da Rainha, para além de algumas vendidas no local. Inicialmente, eram para ali transportadas em carros de bois e, mais tarde, em camionetas. Meu pai contava que chegou a ir a Rio Maior, tal como o meu avô, com um carro puxado por uma junta de vacas, levar as vasilhas.
Os tanoeiros adquiriam, muito cedo – no início do ano – os castanheiros para a construção das vasilhas e passavam todo o Verão a construí-las, em grande azáfama, pois as feiras aproximavam-se. A primeira das quais, a de Rio Maior, era (e é) no primeiro dia de Setembro”.
O autor indica os nomes dos tanoeiros das Pedreiras: os irmãos Almeida – José, Manuel Francisco, João e o Luís. Refere, ainda, outros: António Coelho, João Coelho, João Salgueiro, Manuel Salgueiro, Manuel
Lisboa, José Vieira Júnior, João Carvalho, Vasco Couto, os irmãos Rosalios e Francisco Morgado.
Todos estes tanoeiros espalhavam-se, para exercerem a sua profissão, para terras próximas das Pedreiras, a saber: Casal Boieiro, Tremoceira e Casais de Santa Teresa.
Acrescentamos que vinham, por altura da Feira de Rio Maior, outros tanoeiros, nomeadamente de Santa Catarina (Caldas da Rainha).