Por Joaquim Nazaré Gomes
O Verão Quente de 1975 estava a levar os portugueses ao desespero. Mas, os acontecimentos de 13 de Julho em Rio Maior davam esperança a uma reviravolta na política.
Foi a partir do dia 13 de Julho, em Rio Maior, que se intensificou uma onda de contestações. Com a economia e a comunicação social nacionalizadas, vivia-se uma ditadura de esquerda bem mais opressiva do que a vivida no tempo de Salazar.
Não foi por acaso que a partir do dia 13 de Julho as sedes do Partido Comunista foram todas destruídas desde Rio Maior ao Oeste e até ao Norte de Portugal.
Nem foi por acaso que foi colocada na Estrada Nacional 1, em Rio Maior, a partir de 13 de Julho de 1975 uma placa com a inscrição: “AQUI COMEÇA PORTUGAL”.
Convém lembrar o movimento de agricultores que de Norte a Sul do País se organizou em torno da Associação de Produtores Agrícolas da região de Rio Maior na defesa da propriedade privada e na contestação à chamada lei 406-A, que mais não era do que a legalização do roubo das terras aos seus legítimos proprietários.
O referido movimento havia de, mais tarde, transformar-se na CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), prestigiada organização hoje com assento na concertação social.
Esta confederação contou com a cumplicidade de muitos militares moderados e ficará para sempre ligada aos acontecimentos do 25 de Novembro, quer nas contestações à política agrícola, quer no corte das estradas entre Lisboa e Porto e desde Portalegre à Lourinhã.
Os seus estatutos foram aprovados precisamente com o apoio de mais de 60.000 agricultores, vindos de todo o país na véspera do 25 de Novembro, em Rio Maior.
Nessa noite é convocada uma comissão de agricultores, chefiada pelo saudoso Engenheiro Casqueiro, para Belém, onde estivemos reunidos durante toda à noite em longas conversações com o Conselho de Revolução que se prolongaram até às 6 da manhã.
Foram muitos os operacionais envolvidos no 25 de Novembro, mas não posso deixar de lembrar o Sr. General Ramalho Eanes e o meu saudoso amigo Coronel Jaime Neves, com quem compartilhava o sonho de tornar Portugal num país democrático, tal como nos tinham prometido no 25 de abril.
Este seu sonho de viver numa democracia acabou por poder presenciá-lo em vida, mas não pôde, ainda assim, partir sem a mágoa de ter perdido dois dos seus homens no dia 25 de Novembro, abatidos junto à escola da Polícia Militar por antidemocratas ao serviço de Moscovo.
Eram eles: o Tenente Comando Santos Pires e o Tenente Comando Oliveira Coimbra, que dão hoje nome a duas ruas da cidade de Rio Maior em sua homenagem.
Viva o 25 de Novembro!
Viva Portugal!