
Por João Maurício
Todos sabemos que faltam estudos históricos sobre Rio Maior, nomeadamente relativos às suas instituições. Existem vários fatores que nos conduziram a essa situação. Ficará para outra altura uma análise mais detalhada sobre essa realidade. O Dr. João Castro era um estudioso da História da terra onde nasceu. No Verão de 2021, ofereceu-me a obra “Povoamento e Estrutura Agrícola na Estremadura Central”. Um livro excelente, editado pelo Instituto Nacional de Investigação Científica, em 1992. Trata-se da tese de doutoramento do Professor Doutor Pedro Gomes Barbosa, defendida em 1989.
O referido professor é um dos grandes estudiosos da Idade Média em Portugal e autor de vários estudos, em termos históricos, sobre a região Oeste. Segundo o autor, este interessante estudo tem por base a visão pessoal do próprio e os trabalhos científicos de grandes figuras da historiografia portuguesa, como Iria Gonçalves, Borges Coelho, José Matoso, Veríssimo Serrão, Baquero Moreno e Saúl Gomes, entre outros.
O capítulo VIII do citado livro tem por título “Rio Maior, zona de transição”. Aí, o Dr. Pedro Barbosa, para além das considerações gerais, aborda temas relativos com a História de Rio Maior, a saber: Povoamento, as propriedades do Mosteiro de Alcobaça e outros temas ligados à Igreja de Santa Maria de Alcáçova de Santarém que tinha propriedades em terras riomaiorenses.
Rio Maior era, na Idade Média, uma zona de passagem de homens e de transporte de mercadorias, que se deslocavam de Alcobaça e de Óbidos e se dirigiam para o Vale do Tejo.
Segundo Barbosa, havia cavaleiros de Santarém que possuíam aqui terras, nas margens do rio, muito produtivas.
É sabido que vários autores escreveram que o povoamento de Rio Maior foi feito por populações deslocadas da zona de Leiria, após a Reconquista Cristã.
O Professor Pedro Gomes Barbosa vai mais longe e opina com o rigor que o carateriza que o povoamento das terras riomaiorenses foi feito, também, por francos, a exemplo do que aconteceu noutras zonas do Oeste, e até galegos.
Estes dados remetem-nos para os estudos de outros historiadores que nos deixam dados pouco explorados sobre Rio Maior. É o caso da
Professora Doutora Jubilada Iria Gonçalves, da Universidade Nova de Lisboa e o Dr. Luís Filipe Oliveira, da Universidade do Algarve.
Urge, pois, aprofundar toda esta temática. É nosso objetivo publicar alguns textos sobre o Património do Mosteiro de Alcobaça nos séculos XIV e XV, em terras riomaiorenses, matéria que foi já foi abordada, pela Drª Iria Gonçalves, mas que falta aprofundar.
Uma matéria algo desconhecida que nos leva a uma certeza – Rio Maior pertence à Estremadura Central, desde tempos muito recuados.
Incluir este concelho no chamado Ribatejo foi, apenas, um erro de percurso que o rigor histórico acabou por anular.
