Nascido a 31 de julho de 1924, José da Silva Pulquério, se fosse vivo, completaria ontem 100 anos de idade. Quis o destino que partisse em janeiro de 2018, aos 93 anos de idade.
Para assinalar estar data histórica, a família de José da Silva Pulquério, em conjunto com a Câmara Municipal de Rio Maior, prestaram-lhe ontem uma justa homenagem, com o descerramento de uma placa, a si alusiva, no n.º 24 da Rua Serpa Pinto (onde se encontra atualmente a loja Gonçalus Moda), local onde nasceu e viveu durante muitos anos.
Numa cerimónia conduzida por Daniel Pinto, neto de José da Silva Pulquério, marcaram presenças largas dezenas de pessoas, entre familiares, amigos e autarcas.
Com emoção, Daniel Pinto recordou o intenso percurso do avô, ele que foi o primeiro Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior eleito em democracia, após a revolução de Abril de 1974.
De realçar que ao longo de toda a sua vida, José da Silva Pulquério, evidenciou sempre uma extrema dedicação à sua terra, à sua cidade, ao seu concelho de Rio Maior, nas diversas funções políticas, cívicas, sociais e culturais que exerceu na comunidade.
Desempenhou as funções de Vogal da primeira Comissão Administrativa, Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, Presidente da Assembleia Municipal de Rio Maior, Vereador, Autarca, Democrata, Empresário, Presidente da Assembleia Geral da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Rio Maior, Membro Fundador do Centro de Educação Especial “O Ninho”, Membro Fundador do Grupo Cénico Zé Pereira.
Opositor ao Estado Novo, foi detido pela PIDE em maio de 1946, tendo permanecido preso durante 2 meses na Prisão do Aljube (atual Museu do Aljube Resistência e Liberdade). Integrou a Comissão Distrital de apoio à candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República em 1958.
Trabalhou na empresa do setor vitivinícola João T. Barbosa Vinhos, mais tarde Caves Dom Teodósio (atual Enoport), tendo aí exercido funções administrativas, direção comercial e assumido também a posição de pequeno acionista da empresa.
“No ano em que estamos a celebrar os 50 anos do 25 de Abril, os valores da Liberdade, Democracia e Direito ao Voto, celebramos também os primeiros eleitos locais no Concelho de Rio Maior”, realçou Daniel Pinto.
Nesta cerimónia usaram da palavra os antigos presidentes da Câmara Municipal de Rio Maior, Silvino Sequeira, Carlos Nazaré e Isaura Morais, bem como o presidente atual, Filipe Santana Dias.
Para Silvino Sequeira, “José da Silva Pulquério pertenceu a uma geração de notáveis”, salientando: “Quando era novo ouvia os mais velhos falarem e senti que em Rio Maior havia um respeito muito grande por três pessoas, pela sua oposição ao regime da altura, eram eles José da Silva Pulquério, Alberto Santos Goucha e João Fróis Figueiredo”.
O antigo autarca recordou ainda que “apesar de termos sido adversários políticos sempre nos respeitámos, defendendo cada um as sua ideias. O Sr. José da Silva Pulquério era um democrata na verdadeira ascensão da palavra”, destacou Silvino Sequeira.
Por sua vez, Carlos Nazaré referiu: “Foi uma pessoa que conheci bem e, apesar de eu estar do outro lado em termos partidários, demonstrou sempre um grande respeito pelos outros, tinha uma maneira de estar diferente e penso que os políticos atuais teriam muito a aprender com ele”, realçou.
Também Isaura Morais destacou as qualidades de José da Silva Pulquério. “Quando estou com alguns dos fundadores do PSD, e recentemente aconteceu isso com António Capucho, quando falei de Rio Maior ele associou logo ao nome de José Pulquério”. A atual Deputada da Assembleia da República e Presidente da Assembleia Municipal de Rio Maior realçou o facto de nesta homenagem estarem presentes elementos de todas as forças políticas do concelho de Rio Maior.
Por fim, usou da palavra Filipe Santana Dias, que referiu: “Nos cargos que tenho a honra de desempenhar, acreditem que ter conhecido José da Silva Pulquério e hoje ter eu a honra de ser Presidente da Comissão Política do PSD, ter conhecido José da Silva Pulquério e ele ter sido o primeiro presidente eleito, e hoje ter eu essa honra, dá-me obviamente muitíssimo orgulho, mas acreditem que me dá igual ou superior responsabilidade de conseguir pelo menos fazer justiça ou a mínima justiça ao grande homem que foi José da Silva Pulquério”.
Santana Dias, amigo de infância dos netos de José da Silva Pulquério, recordou ainda alguns episódios vividos naquele seio familiar.
Nesta sessão usaram ainda da palavra os professores Augusto Figueiredo e Júlia Figueiredo, que relembraram alguns momentos marcantes vividos com José da Silva Pulquério.
De realçar ainda que após a sua morte, em janeiro de 2018, a Câmara Municipal de Rio Maior decretou três dias de Luto Municipal, concretizado através do hastear da bandeira do Município a meia haste, no edifício dos Paços do Concelho.
No âmbito das cerimónias do Feriado Municipal 6 de novembro 2018, a Câmara Municipal atribuiu-lhe a título póstumo a Medalha de Honra do Município, pela relevância da sua vida pública, não só no domínio empresarial, mas também pela reconhecida participação cívica, social e política na vida do concelho que o viu nascer.