

Por João Maurício
Chega-me às mãos o livro Há um Deus que nos governa ou um Deus a quem devemos obediência?
O autor é o beneditense Salvador Valentim (1936-2024). Estamos perante uma obra editada em fevereiro de 2025, a qual tem um fundo religioso. Foram os sobrinhos, Paulo e Carla, que trouxeram agora, à luz do dia, um livro que “celebra a vida e o legado do tio Salvador”.
É um trabalho cheio de reflexões simples, mas profundas, e onde o autor revela um grande poder de observação do quotidiano. Um texto repleto de cultura popular e de pensamentos que têm algo de filosófico.
Dos 129 capítulos, destaco dois: “É preciso nascer de novo” e “Não há saída para o dilema humano”.
Deixo, aqui, duas frases deste interessante autor: “Hoje reza-se pouco, a cultura ocupou o espaço religioso”, (pág. 27); “Lembro-me de quando fiz o serviço militar, uma coisa que os instrutores nunca conseguiram fazer foi obrigar-me a pegar numa arma com entusiasmo”, (pág. 44). Refiro o capítulo “Quem te ouve falar não te manda prender”, que tem como figura principal o Padre José António da Silva, que foi capelão do Hospital da Misericórdia de Rio Maior. Um sacerdote que marcou uma época.
O Prefácio é da autoria de Lucília Ferreira que nos diz que o texto apresenta uma linguagem coloquial. Sim, e fluente, acrescentamos nós, mas é também uma análise crítica profunda, onde a cultura, a história, a filosofia, as tradições, a arte, a política, a literatura e a religião se cruzam numa simbiose perfeita.
Um livro que é uma viagem ao passado, uma reflexão sobre o presente, projetando o futuro. Salvador fala-nos em humildade, porque “é uma virtude”. A obra reflete a visão que o pensador tinha da vida. Um homem que pensou muito sobre o mundo que o cercou e questionou muito do que via.
Obrigado, Salvador, por esta bela visão da vida!















