
Por João Maurício
Conheci o Dr. Castro há quase trinta anos. Tínhamos ambos um grande interesse pelo estudo da História de Portugal. Emprestou-me muitos livros sobre o assunto e ofereceu-me alguns. Sempre que possível retribuía.
O Dr. João era uma pessoa calma, conciliadora, culto, inteligente e muito ligado a Coimbra. Por, também, durante anos e anos ir lá com imensa frequência, mantivemos conversas interessantes sobre o tema.
Trabalhou, como diretor, durante uma vida nos estabelecimentos prisionais de Leiria, Coimbra e Lisboa. Conhecia, como poucos a história destas cidades. Com ele aprendi muito. Era um entendido na temática da Cultura Popular, nomeadamente na área das bandas filarmónicas.
Quando escrevi o livro “Os Sapateiros da Benedita e a sua história”, o Dr. Castro teve a gentileza de redigir o prefácio e fornecer-me dados valiosos que muito apreciei.
Deixou-nos um interessante livro de crónicas, peça importante para escrever a história de Rio Maior do século XX. O Dr. João fundou o Centro de Estudos Riomaiorenses com o objetivo de estudar e divulgar a história do Concelho de Rio Maior. Graças ao seu dinamismo apoiou a realização, entre nós, de palestras de figuras reconhecidas pelo seu conhecimento do mundo histórico. Destacamos a historiadora Isabel Xavier e os historiadores Veríssimo Serrão, Rui Rasquilho e António Vicente.
Esse sonho, por razões várias, acabou por desaparecer e o Centro foi extinto. Esse facto, confidenciou-me um dia, causou-lhe tristeza. Quando me procurou para me oferecer o seu livro, disse-me que a sua missão estava realizada. E bem realizada, acrescento eu.
Três oradores, durante a cerimónia fúnebre, referiram o excelente trabalho que o Dr. Castro realizou na Misericórdia de Rio Maior.
Já no fim da missa, uma jovem estudante da Universidade de Coimbra, estendeu no chão a sua capa, por onde a urna passou. Um gesto simbólico e comovente, recordando o tempo que o falecido passou naquela escola de ensino superior.
Até Sempre, Dr. João Castro!
